segunda-feira, 3 de maio de 2010

03/05/2010
Mercado interno ganha espaço nos investimentos da Odebrecht


Os investimentos do Grupo Odebrecht em infraestrutura no Brasil devem se igualar, nos próximos três ou quatro anos, aos realizados pela companhia no exterior, assegurou hoje o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, após participar do 12º Seminário de Perspectivas da Economia Brasileira, durante o qual disse que as melhores oportunidades de negócios estão no mercado interno.
O empresário revelou que dois terços dos R$ 23,8 bilhões em investimentos no Brasil, a serem realizados pelo grupo no triênio 2010/12, irão para o setor de infraestrutura. Nos últimos 20 anos, até 2008, cerca de 10% dos investimentos do grupo no setor eram aplicados no Brasil. Em 2009, essa relação chegou a 20% e nos próximos anos a expectativa é de que atinja 50%. Odebrecht não crê que a parcela brasileira ultrapasse esse patamar, uma vez que o setor de infraestrutura tem crescido de forma vigorosa em outras regiões onde a empresa atua, como outros países da América Latina, África e Oriente Médio. "Como estamos em 20 países, será difícil superar", afirmou. O um terço restante do total de investimentos se dividirá, principalmente, entre projetos de etanol (ETH Bioenergia) e petroquímica (Braskem), entre outros. Odebrecht também disse que o grupo já tem contratada a construção de 40 mil moradias pelo programa "Minha Casa, Minha Vida", do governo federal, das quais de 15 mil a 20 mil devem ser entregues ainda neste ano. Em 2009, foram contratadas dez mil residências. Mão-de-obra-Em sua palestra, no seminário promovido pela Tendências Consultoria, o empresário chamou a atenção para o gargalo de mão-de-obra no País, que para ele é grave num momento em que o Brasil mais precisa de profissionais especializados. "Este será um grande entrave ao crescimento econômico", disse. Para enfrentar o problema, o empresário afirmou que a Odebrecht está repatriando parte dos 5 mil funcionários brasileiros que tem no exterior. "Esse problema de escassez ocorre em todos os setores", afirmou. Odebrecht também advertiu para o alto preço dos ativos disponíveis no País, gerado pelo otimismo quanto ao crescimento da economia. "Muitos deles já estão com os ganhos futuros incorporados aos preços. Quem compra pode não ter muita expectativa de ganho à frente." Para ele, o momento é de garimpar ou esperar oportunidades de mercado, algumas delas em projetos greenfield (na planta) e em empreendimentos jovens. A estratégia da Odebrecht tem sido a de "não abraçar o mundo". "Estamos nos concentrando em nossos clientes e na abertura de novos mercados", afirmou. Copom-O presidente do grupo Odebrecht considerou ainda que a elevação em 0,75 ponto porcentual, para 9,50% ao ano, da taxa Selic não será eficaz para desacelerar a demanda, ao mesmo tempo em que prejudicará as empresas que captam recursos tendo a Selic como referência. "Não é essa a questão. Sabemos que o spread no crédito ao consumidor, que é o que move a demanda, continua altíssimo. Um aumento de 0,75 ponto não evita o consumo." Para o empresário, a alta do juro mais à frente reduzirá a capacidade de investimentos das empresas e aumentará a necessidade do governo na captação de recursos para o pagamento de dívidas.


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